sábado, 14 de julho de 2007

Submundo Paralelo

Foto: Andréia de Oliveira
Foto: Andréia de Oliveira

Foto: Andréia de Oliveira


Foto: Andréia de Oliveira






Sempre ouvi dizer – acredito que você também – que no Brasil existe uma diferença tamanha, quando se trata de distribuição de renda. Ao ouvir, ficava “emputecida” – desculpem, mas não há outra palavra para o caso - agora, quando vi, quando pude conhecer de perto a realidade dessas pessoas, que são vitimas dessa má distribuição de renda, fiquei decepcionada com o meu país. Apesar dos pesares que aqui parece padecer, sempre fui patriota.

Não pensem que foi a primeira vez, que estive num lugar pobre, um interior, até porque eu vim do interior, e sei que a realidade é outra, mas o descaso do governo, a pobreza, os assassinatos à faca – tenebrosos-, a sujeira, ah caro amigo, isso ainda não tinha vivido. Todas essas coisas ruins, unidas no mesmo lugar, isso não. E nesse caso, em especial, as casas de palafitas, servem para dar o clima, o charme. Como ouvi da boca de muitos fotógrafos, de turistas, de pessoas bem informadas.

Acredito que se fossem eles, os moradores, não estariam falando em charme, em clima.
Na Praia da Raposa , lá no Maranhão a pouco menos de uma hora de São Luiz, é assim. Fiquei impressionada como a pobreza no Maranhão é geral.
Quem conhece o Largo treze, bairro de Santo Amaro , aqui em São Paulo, vai entender quando digo que esse estado – o Maranhão – parece um enorme Largo Treze, aquelas barracas, os vendedores ambulantes... desculpe-me os maranhenses, que, acredito não terem culpa de nada. Até porque esse é um descaso que começa lá no ano de 1612 , com a chegada dos franceses. E que hoje – volto a falar dos conterrâneos – sobrevivem do artesanato, nas pousadas – de empregado é claro, pois são os “gringos” que têm dinheiro para compra-las”- da divulgação da cultura, através dos mais variados tipos de bois-bumbá, ah... sem falar na prostituição, que cresce desesperadamente, e por último, das construções tombadas como patrimônio nacional, que por sua vez, estão destruídas, os prédios que, esses sim, seriam pra dar o “charme” do centro histórico, estão colocando a vida de terceiros em risco, podendo cair a qualquer momento.

O que me resta dizer sobre o Maranhão, é que a festa do boi-bumbá, realmente é muito bonita, emociona ver aquelas pessoas fazendo a mesma atividade, a tantos anos.

Tradição essa, que passa de pai para filho. E que, é emocionante também, ver tantos idosos com catarata nos olhos, em certos casos, já impossibilitados de enxergar. E...não dá para ir muito longe com os elogios, logo damos de fronte, novamente, com o descaso, dessa vez da saúde pública.
Quem conhece uma operação de catarata sabe que é simples, é feita a laser, rápida, dura pouco menos de meia hora, e o cidadão – que não é o caso dos maranhenses – já saem enxergando do olho que antes era cego.

Muitas vezes durante essa viagem, perguntava-me, se aquilo era Brasil. Depois de tanto, cheguei a conclusão que onde moro, que não é Brasil.

Mais uma “coisinha”, eles recebem o Bolsa Família, mas de nada muda a realidade – o dia-a-dia - deles. Ouviram bem, REALIDADE.

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